O BCE (Banco Central Europeu) manteve a taxa de juros em 2% pela terceira reunião consecutiva nesta quinta-feira (30) e não deu nenhuma indicação sobre futuros movimentos, já que desfruta de um raro período de inflação baixa e crescimento estável, mesmo diante da turbulência comercial.
O banco central dos 20 países que compartilham o euro cortou os juros em um total de 2 pontos percentuais no ano até junho, mas tem decidido pela manutenção desde então.
Ele deixou claro que não tem pressa em mudar sua política monetária já que a inflação está dentro da meta, o que ainda não foi alcançado pelo Federal Reserve pelo Banco da Inglaterra ou pelo Banco do Japão.
Mantendo todas as opções sobre a mesa, o BCE repetiu sua orientação de longa data de que as decisões futuras serão orientadas pelos dados recebidos e que não se comprometerá previamente com nenhuma trajetória de política monetária específica.
“A avaliação do Conselho do BCE sobre as perspectivas de inflação permanece, em linhas gerais, inalterada”, disse o BCE em um comunicado. “O mercado de trabalho robusto, os balanços sólidos do setor privado e os cortes anteriores da taxa de juros … continuam sendo importantes fontes de resiliência.”
Em uma coletiva de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, deve repetir que a política monetária está em uma “boa posição” e que as autoridades podem conviver com desvios pequenos e temporários da meta de inflação.
No entanto, é improvável que Lagarde feche a porta para um maior afrouxamento, uma vez que as tarifas dos EUA, em constante mudança, ainda não foram totalmente aplicadas na economia, mantendo a incerteza elevada e aumentando o risco de que o crescimento e a inflação caiam muito.
“As perspectivas ainda são incertas, principalmente devido às contínuas disputas comerciais globais e às tensões geopolíticas”, acrescentou o BCE. “O Conselho do BCE não está se comprometendo previamente com uma trajetória específica de juros.”
Embora algumas autoridades tenham alertado repetidamente sobre os riscos negativos, alguns dados importantes surpreenderam positivamente nas últimas semanas, apontando para uma perspectiva mais equilibrada.
O crescimento está se mantendo
O Produto Interno Bruto da zona do euro cresceu 0,2% no terceiro trimestre, superando a previsão do BCE de estagnação e a previsão de crescimento de 0,1% de economistas, já que a Espanha e a França tiveram desempenho superior.
Alguns números iniciais do quarto trimestre podem até apontar para uma aceleração.
Mas esses relatórios relativamente positivos são compensados por dados mais sombrios que mostram que a indústria continua a sofrer e que as exportações para os Estados Unidos caíram drasticamente, bem como evidências crescentes de que a China está praticando dumping nos mercados europeus de produtos que não pode vender nos EUA.
A verdadeira questão, então, é se a perspectiva pode permanecer em um equilíbrio tão tênue, dado o contínuo impacto das tarifas, o desvio do comércio chinês e a fraqueza das exportações.