Lar Internacional Corrida pela vacina da Covid-19 avançou tratamento de doenças como o câncer

Corrida pela vacina da Covid-19 avançou tratamento de doenças como o câncer

por giselalammers
0 comentários
corrida-pela-vacina-da-covid-19-avancou-tratamento-de-doencas-como-o-cancer

Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Covid-19 como uma pandemia global em 2020, cientistas do mundo todo deram largada ao que seria uma das maiores provas de velocidade da história moderna.

Até então, o desenvolvimento de vacinas costumava demorar anos e, em alguns casos, até décadas. Mas, dado o contexto, era preciso encontrar uma fórmula em tempo recorde.

Governos destinaram milhões para financiar o desenvolvimento das vacinas. Nos Estados Unidos, mais de 18 bilhões de dólares de recursos públicos foram investidos nos seis principais imunizantes em estudo. Já a União Europeia direcionou um bilhão de euros às pesquisas.

Milhões de pessoas também participaram dos testes das farmacêuticas de forma voluntária.

“Foi um processo rápido, porque o mundo parou em um projeto: a Covid. Todas as pessoas trabalhavam basicamente focando nisso”, a infectologista brasileira Sue Ann Costa Clemens, que coordenou testes da vacina britânica de Oxford, a Astrazeneca, relembra os esforços da época à CNN.

As agências regulatórias também aceleraram o processo para aprovar e registrar as vacinas.

E os países apostaram em diferentes fórmulas. A China, por exemplo, investiu na técnica do vírus inativado para desenvolver a Coronavac. A Rússia, por sua vez, desenvolveu a Sputnik, a primeira vacina a ser registrada no mundo, usando uma versão viva e inofensiva do vírus como vetor para ensinar o corpo humano a reproduzir as proteínas do coronavírus. A tecnologia, inclusive, é semelhante à técnica usada pela Astrazeneca.

A da farmacêutica americana Pfizer foi desenvolvida com a técnica pioneira de RNA mensageiro – que ensina as células a produzirem proteínas similares às produzidas pelo coronavírus e, assim, o corpo aprende a detectar o vírus e produzir anticorpos. Diferentemente de outras vacinas, essas não usam pedaços dos vírus para gerar a imunidade.

Em 8 de dezembro de 2020, Margaret Keenan, uma idosa britânica de 90 anos, foi a primeira pessoa a receber a vacina contra o coronavírus. O imunizante usado foi o da Pfizer, o primeiro a ser aplicado no mundo.

Nos EUA, a vacinação da população começou menos de uma semana depois. E a primeira pessoa no país a ser imunizada contra a Covid-19 foi a enfermeira Sandra Lindsay, que nasceu na Jamaica e foi naturalizada cidadã americana.

“Eu estava lá para ser vacinada, para me proteger, proteger a minha família e a minha comunidade, e também para gerar confiança no público da segurança da vacina”, Lindsay compartilhou à CNN Brasil.

Repórter da CNN Brasil Mariana Janjácomo com enfermeira Sandra Lindsay. • CNN

No Brasil, a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 foi Mônica Calazans, uma mulher negra de 54 anos, enfermeira e moradora da periferia de São Paulo.

A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira brasileira a receber a primeira dose da vacina contra Covid-19. • Reprodução/CNN

Impactos na ciência

O RNA foi descoberto em 1960, mas a pandemia de Covid foi a primeira vez em que esse tipo de vacina foi produzido em larga escala.

O novo método foi um avanço enorme – e a tecnologia se tornou a esperança para o tratamento e prevenção de outras doenças também.

Atualmente, no laboratório da universidade Johns Hopkins, os cientistas estão aprimorando o uso do mRNA em vacinas contra a Covid e também contra o câncer.

“O que aprendemos com o desenvolvimento de vacinas de RNA é que elas são seguras e muito eficazes. Estas mesmas tecnologias também podem ser aplicadas a outras doenças, onde a programação do sistema imunológico é importante. E uma dessas doenças é o câncer. E, na verdade, quase todos os tipos de câncer podem ser  potencialmente abordados desta forma, treinando o sistema imunológico para reconhecer e combater o câncer de forma mais eficiente”, explica o médico Jordan Green, professor na Universidade Johns Hopkins .

CNN Brasil visitou laboratório da Universidade Johns Hopkins onde pesquisadores estudam mRNA • CNN Brasil

Buscas pela cura da Covid

Além das vacinas, a comunidade científica também partiu em busca de um remédio. Nos EUA, depois de uma série de testes, um grupo de cientistas descobriu que o Remdesivir, um antiviral criado para tratar a Hepatite C e que se mostrou eficaz contra a Covid-19.

“Nesses últimos cinco anos a gente tem feito vários outros estudos tentando entender se essas cepas novas do vírus ainda são suscetíveis ao Remdesivir, e até hoje, inclusive as cepas vigentes nesse momento, continuam suscetíveis ao Remdesivir. E esse continua sendo o único medicamento endovenoso aprovado pela FDA (agência federal de saúde americana) nos EUA, que realmente tem efetividade comprovada contra o Sars-Cov-2”, acrescenta o médico infectologista André Kalil.

Mas tanto as vacinas quanto o remédio precisam de investimento. A Organização Mundial da Saúde ressalta a necessidade de financiamento contínuo.

“Muitos dos esforços estão sendo desmantelados, porque não há o mesmo nível de financiamento que tivemos durante a crise”, afirma Maria Van Kerkhove, infectologista e diretora da OMS.

Proteção coletiva

Além dos recursos financeiros, as vacinas ainda precisam de um alto índice de cobertura para funcionar como proteção coletiva – o que significa que a população precisa ter acesso, mas também precisa querer se vacinar.

Uma pesquisa do Ministério da Saúde do Brasil entrevistou pessoas que escolheram não tomar a vacina contra a Covid e esse foi o resultado:

• CNN

“Hoje nós temos índices de vacinação que mal conseguem chegar a 70/75%, enquanto o esperado seriam números acima de 90% para que haja de fato a proteção das pessoas”, analisa Dimas Covas, ex-diretor do Instituto Butantan.

Entre os especialistas, o planejamento parece ser a única saída para os novos desafios.

É o que afirma a infectologista Sue Ann Clemens: “A gente espera que isso não aconteça novamente, mas estima-se que outras pandemias virão. O fato não é se, mas quando. A pergunta não é se, mas quando. E nós temos que estar melhor preparados”.

Covid longa: estudo relaciona inflamação e sintomas neuropsiquiátricos

Postagens relacionadas

Quem Somos

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

Portal News Noticias @2025 – Todos direitos reservados.