Quando o seu cabeceio superou a meta de Marchesín, o neozelandês Christan Gray, do Auckland City, soube imediatamente: sua vida não seria a mesma a partir dali.
Foi de Gray, professor de Educação Física e jogador de futebol nas horas vagas, o gol do empate por 1 a 1 contra o Boca Juniors, pela fase de grupos do Mundial de Clubes.
Se para o clube argentino o resultado foi um vexame, para o Auckland, que havia sido goleado por Bayern (10 a 0) e Benfica (6 a 0), foi histórico.
Assim que voltar à rotina na Nova Zelândia, o zagueiro de 28 anos irá retomar as aulas na escola onde leciona. Isso depois que seus alunos e os outros professores ouvirem todas as histórias que o defensor terá para contar da participação no torneio.
“Recibi muito apoio da escola, me apoiaram para vir aos Estados Unidos. Certamente vão me perguntar muito sobre a partida. Além disso, as crianças e os professores amam futebol. Quando eu voltar [à escola], provavelmente terei que falar um pouco sobre o meu gol e minha experiência no Mundial”, disse Gray em entrevista ao Diário Olé.
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Após as duras derrotas para Bayern e Benfica, o zagueiro e seus companheiros de equipe sabiam que a expectativa de torcedores e imprensa era de uma nova goleada, mas que acabou não se confirmando e ainda frustrou os planos dos xeneizes, tricampeões mundiais, de classificação ao mata-mata.
“É muito louco que um time como o nosso esteja competindo nesse cenário, tínhamos um pouco de vergonha pelos resultados contra Bayern e Benfica. Mas como grupo sentíamos que poderíamos fazer melhor. Contra o Boca pudemos mostrar o que somos capazes de fazer e restaurar um pouco de orgulho e respeito”, afirmou o jogador, que viu seu número de seguidores saltar de algumas centenas para mais de 25 mil no Instagram.
“A Nova Zelândia está muito longe, somos um país pequeno e eu sou de um povo simples. Como criança, seria um sonho. Viver isso agora é muito especial.”
Atualmente, além das aulas de Educação Física e dos treinos com o Auckland City, Christian Gray está realizando uma pós-graduação. É assim que o professor-zagueiro concilia sua vida entre os estudos, o trabalho e o futebol.
“Desfruto do que estou fazendo nesse momento. É cansativo, tem muita coisa para fazer, mas essa é a realidade de não ser profissional. Mas creio que se surgisse a oportunidade de jogar profissionalmente, ganhar dinheiro e simplesmente viver do futebol, não ter que me preocupar com nada mais, estaria ótimo”, completou Gray, que já está na história do Auckland City e do Mundial.