O sociólogo e cientista político, Bolívar Lamounier, afirmou que a polarização ideológica entre direita e esquerda é um fenômeno restrito às elites intelectuais, sendo pouco compreendida pela maior parte da população.
A declaração foi dada durante sua participação no programa “WW Especial”, da CNN, que debateu o rearranjo político da direita após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo Lamounier, essa linguagem política é própria de sociólogos, cientistas políticos e políticos, não encontrando ressonância significativa na massa populacional. Ele destaca que este padrão não é exclusivo do Brasil, mas uma realidade observada globalmente.
“Os cientistas políticos do mundo sabem que essa expressão direita e esquerda apenas tem sentido nas elites, em pessoas de alto nível educacional. Não há países do mundo onde as pessoas sejam capazes de balbuciar alguma coisa com o mínimo de sentido. Quer dizer, o máximo a que isso chega é 25%. Isso é uma linguagem para sociólogos, para cientistas políticos, para políticos, não quer dizer coisa alguma para a massa da população”, explicou.
Declínio do bolsonarismo
Ao analisar o cenário político atual, Lamounier classificou o ex-presidente Bolsonaro como um “direitista extremado”. Segundo o cientista político, a ascensão de Bolsonaro fez sentido em um determinado período por ter conseguido captar “a condutibilidade e a atmosfera de um mau humor nacional, de uma raiva de tudo, de querer ‘chutar o balde’”.
No entanto, Lamounier projeta uma rápida diminuição da relevância política do movimento. Ele prevê que, com o ex-presidente condenado, tanto ele quanto seus adeptos “não significam nada, tenderão, assintoticamente, descer a zero, a quase zero”.
“Portanto, esse é um fator que está rapidamente desaparecendo da política brasileira”, disse.
Críticas a Lula e alerta econômico
O sociólogo também abordou a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação aos Estados Unidos. Segundo Lamounier, o embate com Donald Trump e o discurso de soberania ofereceram a Lula uma oportunidade para exercer um papel de estadista.
“Donald Trump deu a ele [Lula] uma chance de ouro para encenar o papel que ele gosta, o papel de estadista, de que não vamos ser colônia. É a melhor chance da vida dele: de fazer de conta que é um estadista”, ironizou.
Apesar disso, Lamounier disse não levar Lula a sério como candidato à reeleição, citando sua idade (79 anos) e o cansaço. Ele argumentou que, “fora deste assunto com o Trump, ele não tem nada a dizer ao Brasil”.
O cientista político também faz um alerta sobre o futuro econômico do Brasil. Ele prevê uma crise mais severa nas próximas duas décadas, caso o país mantenha um crescimento de apenas 2,5% ao ano na renda per capita, fenômeno conhecido como “armadilha da renda média”.
“Eu tenho uma profunda convicção de que nos próximos 20 anos, crescendo 2,5% ao ano, a renda per capta, nós vamos ter uma crise muito mais grave, não para almas frágeis como temos tido, mas muito mais grave, porque é a chamada armadilha da renda média”, concluiu.
WW Especial
Apresentado por William Waack, programa é exibido aos domingos, às 22h, em todas as plataformas da CNN Brasil.
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