O dólar à vista tinha queda frente ao real nesta quinta-feira (17), à medida que os investidores acompanham as negociações comerciais entre Estados Unidos e seus parceiros e repercutem a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar a taxa básica de juros.
Às 10h55, o dólar à vista caía 0,14%, a R$ 5,8579 na venda.
No mesmo horário, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, tinha alta de 0,32%, a 128.732,67 pontos.
Na quarta-feira (16), o dólar à vista fechou em baixa de 0,43%, a R$ 5,8657.
No foco dos investidores estavam as negociações comerciais entre as autoridades de Estados Unidos e Japão, que se iniciaram na véspera, à medida que Tóquio busca reduzir ou eliminar a tarifa “recíproca” imposta pelo presidente Donald Trump ao principal parceiro norte-americano na Ásia.
Trump disse mais cedo que teve um encontro “muito produtivo” com os representantes japoneses, fomentando a expectativa de que um acordo comercial possa ser alcançado em breve, o que pode servir como modelo para as negociações com outros parceiros dos EUA.
Essa perspectiva favorecia o dólar ante o iene, uma vez que afastava parte da desconfiança recente em relação aos ativos dos EUA devido a temores de que a imposição ampla de taxas de importação possa levar a uma recessão da maior economia do mundo.
Decisão do BCE e falas de Powell
A moeda de reserva mundial também era impulsionada pela decisão do BCE em reduzir novamente sua taxa de juros nesta quinta, elevando o diferencial de juros entre os EUA e a zona do euro, o que torna o dólar mais atraente do que a divisa única europeia.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,27%, a 99,574.
Também repercutiam comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta, que afirmou que o banco central dos EUA pode esperar por maior clareza sobre as tarifas de Trump antes de ajustar a política monetária, o que reduzia as apostas de operadores em cortes de juros.
Repercussões no mercado
Em mercados emergentes, por outro lado, que têm sofrido com a incerteza tarifária, o avanço das negociações comerciais era um fator baixista para o dólar, pois melhorava o apetite por risco, fazendo as moedas emergentes terem desempenho superior às moedas fortes.
O aumento dos preços do petróleo nesta quinta, com altas de mais de 1%, também favorecia países emergentes.
“Trump fez comentários de que haveria um grande progresso nas conversas para um novo acordo comercial entre EUA e Japão. Isso anima um pouco os investidores, reduz um pouco a aversão ao risco ao pensar que pode haver uma solução para essa situação”, disse Leonel Oliveira Mattos, analista de Inteligência de Mercado da Stonex.
“Já o corte de juros do BCE deve contribuir para o enfraquecimento do euro, (o que) contribui indiretamente para o fortalecimento do dólar e pode exercer alguma pressão altista para a nossa taxa de câmbio”, completou.
As tensões entre EUA e China também seguem no radar, à medida que a guerra comercial entre os dois países segue escalando, com a imposição de tarifas retaliatórias agora cedendo lugar a medidas contra empresas que têm relações com ambos.
O governo norte-americano impôs na terça-feira controles mais rígidos sobre exportações de chips da Nvidia para a China, enquanto Pequim suspendeu entregas de aviões da Boeing ao país asiático.
Tarifas “recíprocas” de Trump não são o que parecem; entenda
*Com informações da Reuters