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Intervenções comportamentais podem reduzir crises de enxaqueca

por mariabeatrizgm
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A enxaqueca é mais do que uma simples dor de cabeça. Muitas vezes incapacitante, a causa exata da condição ainda é desconhecida pela ciência, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Estudos sobre o assunto tentam desvendar o enigma, mas fatores como estresse, alimentação, alterações hormonais, entre outros podem desencadear as crises.

No mesmo sentido, pesquisas vêm sendo produzidas com o objetivo de encontrar novas soluções para o alívio e prevenção da dor.

Uma revisão sistemática publicada na revista científica Headache, publicada em fevereiro de 2025, indica que intervenções comportamentais, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), o mindfulness (atenção plena) e técnicas de relaxamento, por exemplo, podem ser eficazes na redução da frequência das crises, da intensidade da dor e até mesmo na melhora da qualidade de vida dos pacientes.

O que diz o estudo

O levantamento revisou 63 estudos clínicos randomizados realizados entre 1975 e 2023 com mais de 7.400 participantes, entre adultos e crianças.

A maioria das intervenções analisadas era composta por múltiplos componentes, como TCC associada a relaxamento e educação em saúde.

Nos adultos, os dados indicaram que tanto a TCC quanto as práticas de relaxamento e o mindfulness podem reduzir a frequência dos episódios de enxaqueca (com evidências classificadas como de “baixa certeza” pelas limitações metodológicas dos estudos, como amostras pequenas).

Ainda assim, os resultados podem ser animadores: a TCC, por exemplo, foi associada à redução de até 1,1 dia de enxaqueca por mês, em comparação com grupos que não receberam tratamento específico.

Além disso, houve melhora na qualidade de vida e na percepção da dor. No caso das crianças e adolescentes, a combinação de TCC com relaxamento e biofeedback também se mostrou promissora para reduzir a frequência das crises.

Possíveis explicações

De acordo com Tiago de Paula, neurologista especialista em cefaleia pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC), a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), o mindfulness e as técnicas de relaxamento atuam sobre fatores centrais que influenciam a frequência e intensidade das crises de enxaqueca.

A TCC, explica o médico, ajuda o paciente a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento que aumentam o estresse, a ansiedade e a catastrofização da dor. “Todos reconhecidamente associados à piora da enxaqueca.”

Já as técnicas de relaxamento promovem uma regulação do sistema nervoso. “Respiração diafragmática, relaxamento muscular progressivo e biofeedback reduzem a ativação do sistema nervoso simpático, promovendo maior equilíbrio autonômico, o que diminui a excitabilidade cortical e a chance de disparo de crises.”

Por fim, o mindfulness traz benefícios para além da dor. “Ele contribui para a regulação emocional, melhora da atenção e redução da reatividade ao estresse e à dor, atuando diretamente na redução da carga alostática que pode precipitar crises.”

Na prática

Segundo o especialista, essas intervenções estão presentes no dia a dia de muitos pacientes — podendo atuar como estratégia única ou, em alguns casos, como recurso complementar ao tratamento, seja ele medicamentoso com anticonvulsivantes, anticorpos e profilaxia com toxina botulínica.

Ele adiciona a atual preocupação em relação ao uso excessivo de remédios para dor, que pode se tornar um problema, e como terapias comportamentais devem ser encaradas como uma alternativa eficaz e segura.

O ideal seria uma combinação de abordagens. “Infelizmente, é feito tratamento farmacológico, sem nenhuma intervenção com terapia comportamental”, lamenta o especialista. Para ele, o cuidado com a enxaqueca exige uma visão mais ampla.

“É preciso compreender que o tratamento de uma doença, como a enxaqueca, não envolve somente o uso de remédios. Muitas vezes, eles podem piorar a doença, como em casos de uso excessivo. As terapias comportamentais são essenciais. Ainda que mais difíceis de se colocar em prática, apresentam benefícios mais duradouros e efetivos.”

Outras práticas que fazem diferença

Além das intervenções citadas, outras mudanças no estilo de vida também contribuem para a prevenção das crises de enxaqueca. De Paula cita:

  • higiene do sono;
  • atividade física regular;
  • redução do consumo de cafeína;
  • psicoeducação.

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