Com o final da temporada de balanços do segundo trimestre de 2025, as companhias da América Latina demonstraram alta média de 3,8% no Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). Os resultados levaram a uma reação positiva dos mercados de ações, principalmente no Brasil.
O relatório da Bloomberg Intelligence, divulgado com exclusividade à CNN, estima que a região lidere globalmente os ganhos nos balanços de 2025.
Segundo o documento, 39,7% das companhias latino-americanas superaram as expectativas no trimestre, enquanto 30,8% ficaram abaixo do esperado.
O setor financeiro foi o único a registrar uma queda nos lucros, puxado principalmente pelo RoE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) 20% abaixo do consenso e lucro 60% menor do que o registrado um ano antes.
Já no setor de commodities, as empresas tiveram baixa de 14,2% do Ebitda no período. Apesar disso, o lucro líquido geral cresceu 36% mesmo com empresas importantes como Vale e Gerdau apresentando contração.
A Bloomberg Intelligence aponta que o setor de comunicações foi quem liderou os ganhos na América Latina, com 383,6% de crescimento no lucro, impulsionado principalmente pela America Móvil, empresa de telecomunicação mexicana que reverteu prejuízo.
No mercado de ações da região, o papel que mais cresceu foi o da RD Saúde, com alta de 18,7% depois da divulgação dos resultados, enquanto a Natura teve a maior baixa.
O relatório indica que os setores de bens de consumo básico e industrial foram os com maiores baixas nas revisões de estimativa de lucro. Os bens, com expectativa 4,3% menor, foram impactados pelo fraco crescimento doméstico mexicano.
Já a indústria foi pressionada principalmente pela Embraer, que teve reflexo do tarifaço em seus resultados – apesar das aeronaves entrarem na lista de exceções mais tarde.
As estimativas dentre as companhias financeiras permaneceram mistas e próximas da estabilidade (+0,1%), com cortes nas revisões do Banco do Brasil e crescimento forte nas expectativas do BTG Pactual, por exemplo.
Após a temporada de balanços do segundo trimestre, analistas da Bloomberg Intelligence rebaixaram 49% dos ratings de companhias e setores da América Latina, enquanto elevou 36% deles.
O setor de saúde atingiu revisão 100% positiva, com destaque para o lucro da Rede D’Or, que superou a expectativa do mercado.
Já os setores com maior impacto negativo nos ratings foram os de serviços de comunicação e bens não essenciais, com 67% das avaliações em baixa.
O consenso apontado pelo documento indica que a América Latina deve registrar o maior crescimento nos lucros dentre as regiões globais em 2025, com um aumento de quase 30%.
Apesar da projeção ter sido reduzida após a divulgação das tarifas dos EUA em abril, os acordos comerciais, exceções e crescimento nos balanços financeiros sustentaram a alta para a região.